terça-feira, 22 de março de 2011

EXÉRCITO AUXILIAR A ESPANHA 1793 A 1795 (Rossilhão e Catalunha)

REGIMENTO DE INFANTARIA DE PENICHE

Após o desembarque das forças no dia 9 de Novembro de 1793, o Regimento marchou no dia 20 para Meniscle, onde chegou no dia seguinte à tarde, tendo acantonado naquela povoação. Dali marchou para Morellas, onde chegou a 26, realizando estas marchas sob constantes tempestades e chuvas torrenciais, por caminhos intransitáveis e sem pontes, o que obrigou os soldados a terem de atravessar ribeiras, de forte corrente, com a água gelada pela cintura; ao atingirem o seu objectivo, já os franceses atacavam as tropas aliadas, entre as quais alguns regimentos portugueses que os tinham procedido.

Mapa do teatro das operações
Colecção particular
Os soldados, ouvindo o alarido do combate, apesar do extraordinário cansaço e do estado lastimoso em que se encontravam, pedem aos seus oficiais que os conduzam em auxílio dos seus camaradas, chegando o Capitão agregado António de Lemos Pereira Lacerda a suplicar que lhe fossem cedidas forças para marchar e correr ao combate com um cento de militares que voluntariamente se propunham acompanhá-lo. Este simples episódio demonstrou bem o excelente moral e o elevado espírito de corpo do Regimento de Peniche, contudo o pedido foi indeferido, contra as aspirações dos animosos soldados e pela prudência do respectivo Coronel e do Tenente-Coronel Bernardim Freire de Andrade.

No dia seguinte. o Regimento passou a ponte de Ceret sobre o rio Tech,e, livre já a comunicação deste ponto com o centro dirigiu-se com o 1.º Regimento do Porto e um Batalhão de Guardas Espanholas, para Saint-Jean de Pages; sendo todos destinados à guarnição dos pontos compreendidos entres a bateria de La Sangre e a de Saint-Ferrol.

Colecção particular

Em Dezembro foram reunidas diversas forças dos postos de Ceret, Pejes e Bolou, na totalidade de quase seis mil homens, formando uma coluna que, às ordens do Marechal Barão de Kesel, avançou no maior silêncio, pela direita francesa na noite de 4 de Dezembro. Deram os espanhóis, nesta marcha, as honras da vanguarda aos Regimentos Portugueses 1.º do Porto, Peniche e duas Companhias de Granadeiros de Freire de Andrade. Após o ataque todas as baterias francesas passaram para o domínio das tropas aliadas; a cavalaria espanhola prosseguiu na planície os fugitivos franceses, rematando a completa vitória de Courten.


Ordenou o General espanhol, que as forças portuguesas se reunissem e acantonassem em Arlés e nas suas cercanias, começando essa execução pelo Regimento de Peniche, que no dia 17 de Dezembro se colocou em marcha a fim de vigiar além do Tech, as alturas de Villars, onde as guerrilhas francesas faziam grandes estragos. Antes, porém, o Regimento foi passado em revista pelo General D. Antonio de Ricardos que, tendo-o observado em manobras, lhe fez os mais rasgados elogios pelo seu garbo e perícia militar, cumprimentando o Comandante que então era o Sargento Mor Castelo Branco, a quem o intrépido Conde de La Union, que naquele acto acompanhava o General Ricardos, dirigiu as seguintes obsequiosas e militarmente significativas expressões de: Comandante! Su Regimento, no me harto de miralo!". 


Colecção particular
 Em 17 de Novembro de 1794, encontrava-se o Regimento no acampamento de La Salud, quando os franceses atacaram impetuosamente as posições, começando logo a bater a nossa posição e a retaguarda da linha ocupada pelos aliados, ao mesmo tempo que investiam com todo o vigor a posição da Madalena, ocupada por um batalhão espanhol, que se esforçava por deter o avanço do inimigo. Bernardim Freire de Andrade, que comandava interinamente o Regimento, vendo a crítica situação em que se encontrava aquele Batalhão, envia-lhe de reforço a Companhia de Granadeiros, vendo contudo a impossibilidade de continuar a marcha e de reestabelecer a situação com as diminutas forças de que dispunha, tal era a força com que os franceses atacavam, resolveu retroceder e recolher a um reduto existente ali perto.


Esta retirada tornou-se dificílima, não só porque o fogo inimigo incidia permanentemente sobre o Regimento, mas ainda porque foi cortado e desorganizado por um regimento espanhol, que debandava desordenadamente. Perdendo então a sua coesão e a boa ordem, quando Bernardim Freire tentou reunir os poucos soldados que se encontravam junto das bandeiras, apenas conseguiu contar 60 praças, algumas das quais feridas. Julgou o General Courton que Bernardim Freire podia ainda deter na sua marcha os franceses, pelo que lhe ordenou que marchasse ao encontro do inimigo, ordem que foi confirmada pelo General Forbes, Comandante da Divisão Auxiliar.

Colecção particular
Narra-nos Latino Coelho:(1)  "(...)  atravessou Bernardim Freire, sob o fogo dos franceses, a planície, ao som dos tambores e com as bandeiras despregadas e arremeteu aos seus contrários, conseguindo nos primeiros momentos a estranha temeridade, e que a uma força tão diminuta foi pouco depois impossível completar. Se parece nada plausível que as débeis relíquias do Regimento de Peniche, apesar de reforçadas com mais alguns soldados que às bandeiras acudiram no caminho, pudessem ter mão em tão numeroso inimigo, já quase inteiramente senhores da situação, segundo na sua relação afirma o seu comandante se é quase impossível que os franceses, como naquele documento se asseverava, cedessem o passo aos poucos portugueses de Bernardim Freira, e se retraíssem a um ponto superior na montanha da Madalena, entrincheirando-se nos abrigos naturais que o fraguedo lhe ministrava, não se pode todavia contestar que o Regimento de Peniche, conservou em quanto pode a sua firmeza e a sua bravura durante um combate desigual, que os esforços mais heróicos não era dado por trair (...)".


Bernardim Freire de Andrade
Com uniforme de Tenente-General, posterior
 (modelo de 1806) Colecção particular
Efectivamente, vendo Bernardim Freire que não era auxiliado no seu ataque por quaisquer outras forças e que esta não podia dar qualquer decisão ao combate, determinou que a retirada se iniciasse pela direita, a fim de não sacrificar mais os restos do seu Regimento. Apesar de ferido por uma bala que lhe atravessou o braço esquerdo, não quis Bernardim abandonar a sua Unidade, nem deixar de contribuir par a salvação das bandeiras, símbolos sagrados da Pátria e da Honra Militar, e só quando uns e outros tinham recolhido a lugar seguro, é que Bernardim Freire entregou o comando dos destroçados e desfalcados restos do seu Regimento ao Capitão José Porfírio Rodrigues de Sequeira, em virtude que o seu imediato, Capitão José Leandro de Carvalho, fora gravemente ferido durante a acção.

O Regimento de Infantaria de Peniche, como todos os outros portugueses, sofreu graves perdas, tanto em homens como em material.


MORTOS:
- Capitão José Henriques Pereira da Silva
- Três Anspeçadas


FERIDOS COM MUITA GRAVIDADE:
- Tenente-Coronel Bernardim Freire de Andrade
- Capitão José Leandro de Carvalho
- 2 Oficiais-Inferiores; 3 Cadetes, 3 Cabos-de-Esquadra e 10 Soldados


FERIDOS LIGEIROS:
- Tenente Francisco de Paula
- Alferes Francisco Tinoco Sande e Vasconcelos
- 1 oficial-Inferior, 1 Cabo-de-Esquadra e 2 Soldados


DESAPARECIDOS:
- 5 Soldados


ARMAMENTO E EQUIPAMENTO:
- 31 espingardas
- 38 baionetas
- 339 mochilas
- 417 Frascos (cantis)
Todo este material foi abandonado pela necessidade de imprimir uma maior velocidade à marcha de retirada.


Texto e ilustrações de: marr

quarta-feira, 16 de março de 2011

EXÉRCITO AUXILIAR A ESPANHA 1793 A 1795 (Rossilhão e Catalunha)

UNIFORMES

OFICIAIS

 
TRICÓRNIO
De feltro preto acairelado por uma galão de seda, laço do mesmo material mas preto com presilha, botão, puxadores e borlas de canutilho. Todos estes artigos, com excepção do laço, eram da respectiva cor distintiva (ouro ou prata)



CASACA
Azul ferrete, confeccionada em pano, lã ou de tecido entrefino, tendo as bandas, canhões das mangas, forro e virado das abas (vistas) da respectiva cor. Os bolsos eram desenhados no sentido da largura e eram fechados por uma pestana e por intermédio de três botões, assim como os canhões das mangas que  tinham igual número de botões cada um. Na parte posterior tinha dois botões grandes por altura dos rins, a racha era bastante larga, afim de o militar ter liberdade de movimentos e poder prestar serviço montado com certa facilidade.

Casaca do 1.º Regimento
 de Infantaria do Porto
Alguns regimentos ostentavam três botões de prata ou ouro, logo abaixo das bandas, ou em sua substituição alamares bordados a fio de ouro ou prata. Como não se sabe ao certo qual seria o modelo do bordado, na figura abaixo, apresenta-se o mais aproximado, que foi inspirado na bordadura da unidade prussiana "Infanterie-Regiment n.º 44, c.1753".


Bordadura da casaca

VÉSTIA
De lã ou linho branco com forro da mesma cor, fechando pela frente por uma ordem de botões da mesma cor da farda, dois bolsos, um de cada lado, fechando por intermédio de uma pestana e três botões. A véstia era bastante comprida na parte da frente, muito ao gosto da época, mas que num curto período de tempo, se foi encortando até se transformar num colete.

PESCOCINHO OU GRAVATA
De seda preta, embora algumas unidades as tenham utilizado vermelhas durante o período de 1783 a 1787.

CAMISA
Branca com punhos de renda ou tufados, assim como algumas golas.

CALÇÕES
Variavam de cor conforme a unidade, apertando em baixo, junto ao joelho, por intermédio de uma jarreteira fixa, que apertava por intermédio de uma fivela, tudo da respectiva cor, assim como os botões.

SAPATOS
De cordovão preto, afivelados

BANDA
De retrós vermelho, atada por cima da véstia e por debaixo da casaca, terminando por duas borlas de fio de torçal de seda branca e da cor dos respectivos galões (ouro ou prata) sendo atados curtos, sob o lado esquerdo.

DRAGONAS
Tecidas em fio da cor dos respectivos galões, terminando com franjas de canutilho. As dragonas durante este século eram diferentes das que apareceram mais tarde, tratava-se de uma espécie de platinas rematadas de um dos lados por franjas curtas, existindo diversos modelos. Este artefacto não estava devidamente regulamentado, nem tão pouco nos dava a distinção do posto do respectivo oficial, na medida em que o modelo era igual para todas as patentes.


REGIMENTO DE INFANTARIA DE CASCAIS
A casaca destes oficiais tinham a particularidade de a gola, as bandas e os bolsos serem avivados por um alamar dourado.


Texto e ilustrações de: marr

sábado, 12 de março de 2011

EXÉRCITO AUXILIAR A ESPANHA 1793 A 1795 (Rossilhão e Catalunha)

OS UNIFORMES
ALGUMAS ADVERTÊNCIAS...

Os fardamentos que as tropas envergaram nestas campanhas foram estabelecidos pelo Regulamento de Uniformes de 1764, atribuído ao Conde de Schaumbourg Lippe. Será que passado trinta anos os uniformes ainda eram os mesmos? Pelo menos em teoria assim seria, uma vez que não se publicou nenhum regulamento de alteração aos respectivos uniformes, e tal só iria acontecer em 1806. Contudo sabe-se que certamente houve alterações nos trajes militares, uma vez que a moda civil continuava a ter uma forte influência na evolução dos fardamentos militares e isto com grande incidência em todos os séculos, pelo menos até à publicação do Plano de Uniformes de 1806. Já Silva Lopes, no seu trabalho "Contribuição para o estudo dos Uniformes Militares Portugueses desde 1664 até 1806"(1), afirma: (...) alterações diversas sofreram os uniformes de 1764 (...) essas alterações teriam  resultado mais da moda que de determinações oficiais (...) os chapéus foram mudando de feitio, o corte das casacas foi sofrendo pouco a pouco modificações, os calções transformaram-se em calças (...) quero crer que desde 1801 em diante tais alterações se acentuaram, mas pouco posso dizer sobre o assunto (...)"

Efectivamente basta observar o período em estudo e verificar as diversas influências que passaram pelo traje civil, assim temos primeiramente a francesa (antigo regímen), seguindo-se a inglesa e novamente a francesa (revolução e império) e depois novamente a inglesa. Os nossos uniformes tinham, por esta época, influência prussiana, devido à acção do Conde Lippe, apesar de ele ter vindo da Grã-Bretanha, onde militava.


Se tivermos em consideração que as fardas eram confeccionadas pelos alfaiates das terras, onde os regimentos estavam estabelecidos, facilmente se poderá deduzir que certamente, os uniformes seriam "iguais" na mesma unidade e "semelhantes" de um para outro regimento, em virtude de que haveria diferenças, umas de pormenor e outras bastante mais acentuadas, tudo isto poderia variar de artífice para artífice e de terra para terra, onde os
regimentos estivessem instalados. Os alfaiates não eram militares, trabalhavam para os seus clientes civis (uns pobres outros abastados) e pontualmente teriam "a sorte" de confeccionar os fardamentos da unidade da sua terra, concelho ou distrito. Outra grande influência seria certamente o meio onde se encontrava a unidade: rural, urbano ou numa grande capital. Estou absolutamente convicto de que as fardas executadas por alfaiates de Lisboa ou do Porto e outros de Serpa ou de Almeida seriam muito diferentes embora, em teoria, seguissem os modelos dos livros iluminados; a influência civil e do meio que os rodeavam estava muito presente nos fardamentos e conforme a moda se ia transformando, de ano para ano, os uniformes seguiam, de um ou de outro modo, essas "tendências...", isto sem se levar em linha de conta os uniformes que os oficiais mais abastados mandavam fazer ao seu livre arbítrio. Para confirmar o que acima se expressou basta ler as "observações sobre as Reais Tropas Portuguesas às quais passou revista Sua Alteza, o Marechal Príncipe Christian von Waldeck nas Províncias do Alentejo, Algarve, Beira e Estremadura"(2), para se ficar totalmente esclarecido a este respeito...!

No que concerne à coberturas de cabeça passou-se sensivelmente o mesmo, em 1764 o tricórnio era o chapéu por excelência para civis, pobres ou ricos e militares, predominando os acairelados com puxadores, borlas, laço, presilha e botão, alguns forrados a plumas; em 1770 o bico frontal, que era saliente, começou a recolher e durante toda a década de 80 continuou a desaparecer, de tal modo, que em 1790 o tricórnio já quase se não confeccionava, o "bico" anterior não passava praticamente de uma pequena "ondulação".

Como exemplo, que geralmente apresento, poderei reportar-me a uma das mais célebres coberturas de cabeça dos fins do século XVIII e principio do seguinte, que foi o chapéu de Napoleão, que ele nunca abandonou, seria o que hoje chamamos a "sua imagem de marca", tratando-se de uma cobertura de cabeça típica da transição; efectivamente o Imperador dos Franceses adoptou o celebre "petit chapeau" dito "a la française", a partir da data em que passou a ser Primeiro Cônsul em 1800; na realidade tratava-se simplesmente do modelo de cobertura de cabeça utilizada no pequeno uniforme pelos oficiais franceses de todas as armas, naquela época.


No  dobrar do século XVIII, os bicórnios ou chapéus de dois bicos, já se tinham imposto, vendo-se de tamanhos diversos, sendo alguns enormes, com as pontas exageradamente grandes e descaídas até aos ombros (muito em uso por alguns oficiais ingleses), acairelados de penas, com altos penachos; as borlas, as presilhas e os botões enriquecidos de pedraria valiosa e bordados a fio de ouro ou prata! Eram e são assim os caprichos da moda...

Os nossos uniformes, ou melhor dizendo, os seus utilizadores, principalmente os oficiais seguiram bem a moda de perto! Isto já sem nos alongarmos nos chamados "uniformes de capricho" tão na moda, entre a nossa oficialidade da época e tão combatidos pelos seus chefes que queriam ver as tropas com a "severidade que o cargo militar exigia"  (entre eles Lippe e mais tarde Beresford).

Infelizmente não chegou até aos nossos dias grande profusão de fontes iconográficas coevas, para se poder executar uma análise pormenorizada das diferentes modificações; os poucos livros iluminados, que chegaram até nós, e que se encontram à guarda do Arquivo Histórico Militar reportam-nos para as datas de: 1777, 1783 e 1791.
                                                                 O Autor do Blogue
                                                                                                                               marr

Notas:
(1) - In: "Exposição Histórico-Militar, etc" C. M. do Porto - Gabinete de História da Cidade. vol.XXIX, Porto 1958.

(2) - In: "Boletim do Arquivo Histórico Militar", 62.º Volume, Lisboa 1997

quarta-feira, 2 de março de 2011

EXÉRCITO AUXILIAR A ESPANHA, 1793 A 1795 (Rossilhão e Catalunha)

ORGANIZAÇÃO, COMPOSIÇÃO
 E
 RESPECTIVOS COMANDANTES

COMANDANTE-EM-CHEFE

Tenente-General graduado João Forbes de Skellater

Tenente-General Marquês das Minas, que devido às suas enfermidades foi substituído pelo Marechal-de-Campo João Forbes de Skellater, de origem escocesa e que servia honradamente em Portugal desde a Campanha de 1762, sendo por isso, condiscípulo do grande Conde de Lippe. Neste sentido, foi decidido pelo governo conferir-lhe a graduação de Tenente-General.

AJUDANTES DE ORDENS
 DO
 GENERAL COMANDANTE-EM-CHEFE
-Tenente-Coronel, Luís Carlos de Claviere
- Sargento-Mor (1) graduado, D. Miguel Pereira Forjaz
- Sargento-Mor graduado, Nuno Freire de Andrade
- Capitão, Carlos André Harth

(1) Este posto foi mais tarde extinto dando origem ao de Major.

AJUDANTE-GENERAL
- Conde de Assumar (depois Marquês de Alorna)

QUARTEL-MESTRE-GENERAL
- Coronel de Engenheiros, José de Moaraes de Antas Machado

AJUDANTES
(do Quartel-Mestre-General)
- Capitão de Engenheiros, Pedro Celestino
- Primeiro-Tenente de Engenheiros, Paulo José de Barros

PRIMEIRO-OFICIAL GENERAL DA LINHA
- Marechal-de-Campo, D. António de Noronha


AJUDANTES DE ORDENS
(do Primeiro-Oficial General da Linha)
- Tenente-Coronel graduado, João Barreiro Garro
- Tenente, Lourenço Correia da Gama

SEGUNDO-OFICIAL GENERAL DA LINHA
- Marechal-de-Campo, D. Francisco Xavier de Noronha

AJUDANTES DE ORDENS
(do Segundo-Oficial General da Linha)
- Coronel, D. António de Salles de Noronha
- Coronel graduado, Francisco Ventura Rodrigues Velho

COMANDANTE DA PRIMEIRA BRIGADA
(composta por companhias de fuzileiros)
- Marechal-de-Campo, D. João Correia de Mello

COMANDANTE DA SEGUNDA BRIGADA
(composta por companhias de fuzileiros)
- Marechal-de-Campo, José Correia de Mello

COMANDANTE DA TERCEIRA BRIGADA
(eventualmente composta por companhias de granadeiros)
Segundo nos indica Latino Coelho(2), (...) não se lhe designou desde logo chefe especial (...), contudo Cláudio de Chaby(3), indica-nos que (...) o Coronel Gomes Freire de Andrade devia mandar a Brigada de Granadeiros (...), finalmente Luz Soriano(4), afirma que (...) para a de Granadeiros, o Coronel Gomes Freire de Andrade(...).

(2) - In: "História Militar e Política de Portugal", Tomo III, pp.89, por Latino Coelho, Lisboa 1891.
(3) - In: "Excerptos Históricos", Tomo I, pp.48, por Cláudio de Chaby.
(4) - In. "História da Guerra Civil", Tomo I, pp.512, por Luz Soriano, Lisboa 1866.



REGIMENTOS DE INFANTARIA

PRIMEIRO DO PORTO
Comandado pelo Marechal-de-Campo José Correia de Mello, tendo no dia do embarque, sob as suas ordens, um efectivo de 645 militares.

SEGUNDO DO PORTO
Comandado pelo Marechal-de-Campo D. João Correia de Sá, tendo no dia do embarque, sob as suas ordens, um efectivo de 701 militares

Tenente José Maria


PENICHE
Comandado pelo Coronel António Franco de Abreu, tendo no dia do embarque, sob as suas ordens, um efectivo de 713 militares.

PRIMEIRO DE OLIVENÇA
Comandado pelo Coronel João Jacob de Mestral, tendo no dia do embarque, sob as suas ordens, um efectivo de 755 militares

CASCAIS
Comandado pelo Coronel Francisco de Mello da Cunha e Menezes, Mordomo-Mor da Real Casa, tendo no dia do embarque, sob as suas ordens, um efectivo de 805 militares

FREIRE DE ANDRADE
Comandado pelo Coronel Gomes Feire de Andrade, tendo no dia do embarque, sob as suas ordens, um efectivo de 757 militares


BRIGADA DE ARTILHARIA

Composta por quatro Companhias reunidas em duas Divisões, sendo os militares da Brigada provenientes dos Regimentos de Artilharia do Alentejo (ou de Estremoz), Porto (ou de Viana, onde se encontrava aquartelado desde 1795) e Algarve (com sede em Faro)

COMPOSIÇÃO

PRIMEIRO COMANDANTE
Sargento-Mor José António da Rosa



SEGUNDO COMANDANTE
Sargento-Mor António Teixeira Rebelo

AJUDANTE
Capitão graduado, Manuel José Durão Padilha

CAPELÃO
Padre António Figueiredo Lacerda

CIRURGIÃO-MOR
José Joaquim Franco

ESTADO-MAIOR
2 Sargentos-Mores (comandantes); 1 Ajudante (graduado em Capitão); 1 Quartel-Mestre (graduado em Capitão) e 1 Capelão.

PEQUENO ESTADO-MAIOR
1 Cirurgião-Mor; 1 Ajudante de Cirurgião e 1 Tambor-Mor.

ARTILHEIROS
1 Capitão (graduado em Sargento-Mor); 3 Capitães; 6 Primeiros-Tenentes, 8 Segundos-Tenentes; 12 Sargentos; 4 Sargentos Artífices de Fogo; 12 Furriéis; 28 Cabos de Esquadra; 8 Tambores e 336 Praças.

ARTÍFICES
4 Carpinteiros de Machado; 4 Carpinteiros de Obra Branca; 4 Ferreiros de Obra Grossa; 2 Serralheiros; 2 Funileiros; 2 tanoeiros; 1 Cordoeiro; 1 Cesteiro; 1 Seleiro; 1 Correeiro e 3 Ferradores.

No dia do embarque a Brigada apresentou um efectivo de 447 militares.

EMPREGADOS CIVIS

AUDITOR GERAL DO EXÉRCITO
Desembargador José António Ribeiro Freire. Tinha a seu cargo todos os conselhos de guerra que se fizessem

INTENDENTE DA POLÍCIA
Desembargador e Auditor do Regimento de Peniche, Francisco José de Aguiar e Gouveia. Tinha a seu cargo vigiar (...) cuidadosamente que se não cometam desordens, nem se introduzem relaxações, e poderá prender todas as pessoas, assim civis, como militares, que achar em flagrante delito (...).

CAPELÃO-MOR
Beneficiado da Sé Patriarcal Nuno Henrique de Horta. A sua função era a de (...) fazer cumprir exactamente, a todos os capelães dos regimentos e do hospital as suas obrigações (...) do mesmo modo vigiará sobre tudo quanto disser respeito à reverência do culto, à conservação da boa moral e da pureza dos costumes (...).

PRIMEIRO MÉDICO
Dr. João Francisco de Oliveira

SEGUNDO MÉDICO
João Manuel Nunes do Valle

CIRURUGIÃO-MOR
Luís Martins da Rua

Nota: A responsabilidades do (...) hospital, do campo e dos quartéis, pelo que toca à saúde das tropas, fica inteiramente ao cuidado e disposição do Primeiro Médico do Exército (...) assim como ao Cirurgião-Mor naquilo em que disser respito à sua imediata profissão(...).


REPARTIÇÕES CIVIS DO EXÉRCITO

SECRETARIA
1 Primeiro e Segundo Secretário; 2 Adidos e 2 Correios

CAIXA MILITAR
1 Tesoureiro Geral das Tropas; 2 Pagadores; 3 Escriturários e
1 Porteiro.

O Tesoureiro Geral tinha tinha a seu cargo (...) toda a caixa militar, a receita e despesa geral do Exército em todos os diferentes ramos da sua economia. Portanto todas as repartições de fazenda lhe ficavam subordinadas, e respondiam perante ele sobre a verificação e recenseamento das sua contas semanais e mensais(...).

HOSPITAL E BOTICA
2 Capelães; 1 Almoxarife do Hospital; 1 Escrivão da receita do Almoxarife; 1 Fiel do Almoxarife; 1 Despenseiro; 1 Boticário; 2 Praticantes; 6 Enfermeiros; 1 Cozinheiro e 1 Ahjudante de Cozinheiro.

REPARTIÇÃO DE VÍVERES
1 Comissário; 2 Feitores e 2 Segundos Escriturários

REPARTIÇÃO DAS CARRUAGENS
1 Comissário Intendente; 3 Escriturários; 1 Oficial para Arrumação e 1 Mestre Director da Música do Exército.


terça-feira, 1 de março de 2011

DIVISÃO AUXILIAR A ESPANHA - 1793 A 1795 (Rossilhão e Catalunha)

ORGANIZAÇÃO

A organização "tipo" de um Regimento de Infantaria tinha a seguinte constituição (1):

ESTADO-MAIOR:
1 Coronel; 1 Tenente-Coronel; 2 Sargentos-Mores; 2 Ajudantes;
2 Quartéis-Mestres e 1 Capelão, totalizando 9 elementos

PEQUENO ESTADO-MAIOR:
1 Cirurgião-Mor; 6 Ajudantes de Cirurgia; 2 Tambores-Mor;
2 Espingardeiros; 2 Coronheiros e 4 Pífanos, totalizando 17 elementos.

UMA COMPANHIA LIGEIRA (FUZILEIROS):
1 Capitão; 1 Tenente; 1 Alferes; 2 Sargentos; 1 Furriel; 1 Porta-Bandeira; 6 Cabos, 3 Tambores; 72 Soldados de Fila e 12 supranumerários, totalizando cada Companhia 100 elementos.

Cada Regimento tinha 8 Companhias de Fuzileiros.

UMA COMPANHIA DE GRANADEIROS:
Com a mesma composição das dos Fuzileiros e mais 2 Cabos, 26 Soldados de fila, compondo 96 homens, mais 16 agregados ou supranumerários, que fariam aumentar cada Companhia, incluindo os Porta-Machado a 136 elementos.

Cada Regimento tinha 2 Companhias de Granadeiros.

RESUMO DE ELEMENTOS QUE COMPÕEM CADA CORPO

ESTADO-MAIOR: 9                   PEQUENO ESTADO-MAIOR: 17


OFICIAIS
CAPITÃES: 10                   TENENTES: 10                ALFERES: 10

OFICIAIS INFERIORES

SARGENTOS: 20        FURRIÉIS: 10       PORTA-BANDEIRAS:10

PRAÇAS
CABOS: 60         TAMBORES: 30           PORTA-MACHADOS: 12

COMPANHIAS DE FUZILEIROS 
SOLDADOS DE FILA: 576                   SUPRANUMERÁRIOS: 96

COMPANHIA DE GRANADEIROS
SOLDADOS:192                          SUPRANUMERÁRIOS: 32

TOTAL: 1096 elementos


As forças expedicionárias eram compostas por 5 559 elementos, incluindo neste número, os funcionários civis, adidos no desempenho de vários cargos auxiliares de administração, os números acima apresentados são simples "teoria" e em conformidade com os regulamentos, porque na realidade embarcaram 5 052 homens (2) assim distribuídos:






- Estado-Maior: 23
- Unidades de Infantaria: 4377 militares
- Artilharia: 447 militares
- Corpo de Engenheiros (oficiais): 7
- Repartições Civis: 41
- Criados: 157

Como facilmente se verifica nenhum dos Regimentos levava o seu estado completo.

(1) As contas desta organização são um pouco confusas, contudo estão em conformidade com o original que se encontra no Arquivo Histórico Militar (AHM), 1.ª Divisão, 10ª Secção, Caixa 1, Documento n.º 11. Já Luz Soriano, no Tomo II, 1.ª Época da sua "História da Guerra Civil, etc.", Lisboa 1879, nas pp.159 e seguintes, indica-nos uns números bastante diferentes da composição das companhias, elevando-as a um total de 819 homens cada, dando à força um total de 4 914 militares, contudo sabe-se perfeitamente que os regimentos não iam no seu estado completo e nenhum deles continha a mesma quantidade de homens à data do embarque.

(2) Cláudio de Chaby, indica-nos "4 912 baionetas", contudo estudos posteriores executados pelo Dr. Manoel Gião na sua obra "O Serviço de Saúde na Campanha do Roussillon", Lisboa 1925, refere-se aos números por mim indicados.
Texto e ilustrações de: marr